26 de junho de 2014

De medianoche a las cinco - poema à guisa de apresentação

De medianoche a las cinco

Ao se entregar a grande cidade ao seu repouso em meia luz
desconhece a madrugada as possibilidades que gesta
e os encontros e encantos que produz.
Duas vozes se aproximam, incertas
e, dádiva!, sob o manto sombrio reconhecem
um no outro a centelha comum
que emana de um só canto.
Canto grande, versos amplos, notas diversas
sangue, luta, sonho, América Latina a inventar azuis.
Terra generosa e farta, de vozes e mesclas
de onde brotam Violetas e Mercedes, Victors e Gabriéis
Jorges, Sílvios, Pablos, Tiagos, Marios e Isabéis
Força, pranto, dor, revolução e festa.

Mas de tanta riqueza e profusão de sons
é tão pouco ainda que nos acerca!
Olhos e ouvidos fixados em outros lados,
desconhecem o verso enraizado
e se quedam órfãos de mãe viva e pulsante!
Não sentem os braços que já nasceram dados
ignoram o levante de um punho a sonhar por igual,
seguem solitos sem a Pátria Grande
a lhes acompanhar na marcha final.

 Ouçamos os muitos brados que ecoam
por esta fresta a irromper em campos virtuais
e espalhar um pouco do tanto que a conhecer nos resta.
Assim, unamos cada vez mais vozes dispersas, e
como a madrugada outrora forjou este encontro
de medianoche a las cinco, cantemos
a América Latina, perfecta maestra.



Mariana Imbelloni & Tomás Ribas
25/06/2014 - 4h35 
(poema e ideia nascidos em conversas de madrugada
Que a partilha seja possível!)