Em homenagem aos 110 anos de nascimento de Pablo Neruda (12 de julho de 1904 - 23 de setembro de 1973).
A todas as vidas do poeta...
"Mi vida es una vida hecha de todas las vidas: las vidas del poeta" (Confieso que he vivido, 1974)
Unidad
Hay algo denso, unido, sentado en el fondo,
repitiendo su número, su señal idéntica.
Cómo se nota que las piedras han tocado el tiempo,
en su fina materia hay olor a edad,
y el agua que trae el mar, de sal y sueño.
Me rodea una misma cosa, un solo movimiento:
el peso del mineral, la luz de la miel,
se pegan al sonido de la palabra noche:
la tinta del trigo, del marfil, del llanto,
envejecidas, desteñidas, uniformes,
se unen en torno a mí como paredes.
Trabajo sordamente, girando sobre mí mismo,
como el cuervo sobre la muerte, el cuervo de luto.
Pienso, aislado en lo extremo de las estaciones,
central, rodeado de geografía silenciosa:
una temperatura parcial cae del cielo,
un extremo imperio de confusas unidades
se reúne rodeándome.
Pablo Neruda
(Residencia en la tierra, 1933)
Unidade
Existe algo denso, sentado no fundo,
repetindo seu número, seu sinal idêntico.
Quanto se nota que as pedras tocaram o tempo,
em sua fina matéria há o cheiro de idade,
e a água que traz o mar, de sal e sonho.
Me rodeia uma mesma coisa, um só movimento:
o peso do mineral, a luz da pele,
se colam ao som da palavra noite:
a tinta do trigo, do marfim, do pranto,
as coisas de couro, de madeira, de lã,
envelheidas, desbotadas, uniformes,
se unem a meu redor como paredes.
Trabalho surdamente, girando sobre mim mesmo,
como o corvo sobre a morte, o corvo de luto.
Penso, asilado no extenso das estações,
central, rodeado de geografia silenciosa:
uma temperatura parcial cai do céu,
um extremo império de confusa unidades
se reúne me rodeando.
Tradução de Thiago de Mello
(Poetas da América de canto castelhano, 2011)
(Poetas da América de canto castelhano, 2011)
Minha homenagem que postei na minha página do Facebook ontem:
ResponderExcluirSONETO XVII
Pablo Neruda
Não te amo como se fosses rosa de sal ou topázio,
ou as setas de cravos que saem do fogo.
Te amo como certas coisas obscuras devem ser amadas,
em segredo, entre a sombra e alma.
Te amo como um botão que nunca se abre,
mas carrega em si a luz das flores escondidas;
graças ao teu amor, uma certa fragrância,
que se eleva da terra, vive secretamente em mim.
Te amo sem saber como, ou quando, ou de onde.
Amo-te de forma direta, sem complexidade ou orgulho,
então te amo, porque não conheço outro modo senão este:
onde nem eu nem tu existimos, tão próximos,
que tua mão em meu peito se confunde com a minha mão,
tão juntos que teus olhos se fecham quando adormeço.
In "Cem sonetos de amor" (1959).
Tradução de Thereza Rocque da Motta.
Thereza, sempre precisa em suas traduções!
Excluirbeijos!
Traduzir é preciso!
ExcluirBeijos aos dois!
Quero deixar também minha contribuição, embora seja de Cortázar e sejam 10:45. Eu li no Corujão.
ResponderExcluir"A árvore, o rio, o homem"
Versão traduzida: Luiz Ribas e Jandir Santin
A árvore já cortada
não a crave na terra
porque sua copa seca
não enganará os pássaros
O rio que corre
não lhe levante diques
porque no ar livre
cavalgarão as nuvens
Ao homem desterrado
não lhe fale de sua casa
À verdadeira pátria
Caro está pagando
A árvore já cortada
O rio que corre
O homem desterrado
Caro estão pagando
De tanto viver entre pedras
Eu cria que conversavam
Vozes não as senti nunca
Mas a alma não me engana
Algum "algo" hão de ter
Ainda que pareçam caladas
Não de balde tem enchido deus
de segredos a montanha
Algo se dizem as pedras
A mim não me engana a alma
Tremor, sombra ou que sei eu!
Igual que se conversavam
Oxalá pudera um dia
Viver assim: sem palavras
"El árbor, el río, el hombre"
Al árbol ya cortado
no lo claves en tierra
porque su copa seca
no engañará a los pájaros
Al río que discurre
No le levantes diques
Porque en el aire libre
Cabalgarán las nubes
Al hombre desterrado
No le hables de su casa
La verdadera patria
Caro la está pagando
El árbol ya cortado
El río que discurre
El hombre desterrado
Caro lo están pagando
Tanto vivir entre piedras
Yo creí que conversaban
Voces no he sentido nunca
Pero el alma no me engaña
Algún "algo" han de tener
Aunque parezcan calladas
No de balde ha llenau dios
De secretos la montaña
Algo se dicen las piedras
A mi no me engaña el alma
Temblor, sombra o que se que yo!
Igual que si conversaran
Malaya pudiera un día
Vivir así: sin palabras
Poema de Julio Cortázar "El árbor, el río, el hombre", mais letra de Atahualpa Yupanqui "Las piedras"; música “El Testamento de Amelia” melodía anónima catalana; interpretado por Atahualpa Yupanqui.